A pandemia provocou um salto na participação do comércio eletrônico no total das vendas do varejo no principal mercado consumidor do País. Entre janeiro e junho deste ano, a fatia do comércio online no varejo total do Estado de São Paulo passou de 2,9% para 3,7%, um avanço de 0,8 ponto porcentual. Foi a mesma taxa de crescimento registrada entre 2013 e 2019, aponta um estudo da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP). “Em apenas seis meses de pandemia, a participação do comércio eletrônico no varejo cresceu o equivalente a seis anos anteriores”, afirma a assessora econômica da Fecomércio-SP, Kelly Carvalho.
Na capital paulista, o ritmo de crescimento foi ainda mais acelerado. As vendas online fecharam o primeiro semestre deste ano respondendo por 5% do faturamento do varejo, com avanço de 1,4 ponto sobre o final do ano passado. De 2013 para 2019, o crescimento havia sido de 1,1 ponto, de 2,5% para 3,6%.
A perspectiva é que a capital paulista encerre o ano com o comércio online respondendo com algo entre 6% e 7% das vendas do varejo como um todo, calcula a economista. Se a projeção se confirmar, a cidade de São Paulo vai se aproximar do desempenho de Nova York (EUA), onde o varejo online responde por cerca de 10% do total. Para o Estado de São Paulo, ela acredita que a fatia do comércio online encerre o ano em torno de 5%.
Há um consenso no mercado de que as compras online são uma tendência que veio para ficar. É que a volta à normalidade é uma incógnita, enquanto não houver uma vacina contra a covid-19. “O varejista que não está hoje no e-commerce está com os dias contados, porque é uma questão de competitividade”, argumenta Kelly.
Além dos aplicativos, uma das alavancas desse desempenho foram os marketplaces, que permitiram que empresas pequenas conseguissem ingressar no varejo online sem ter uma plataforma própria.
A economista da Fecomércio-SP ressalta que uma preocupação do setor diz respeito às tentativas do governo de tributar a nova economia digital, atribuindo aos marketplaces a obrigação de fiscalizar o pagamento de imposto pelas lojas online e também de recolhê-lo, caso a loja não o faça. Isso já ocorre em relação ao ICMS nos Estados da Bahia e do Rio de Janeiro, diz Kelly, destacando que é intenção do governo federal adotar o mesmo mecanismo, de acordo com a proposta de reforma tributária. “É dever do Estado fiscalizar e é muito ruim para o setor ter políticas públicas que onerem as plataformas. Esse é um dos grandes desafios daqui para frente.”
Além da cidade de São Paulo, a região do ABC paulista registrou avanço significativo da participação do comércio online no varejo no primeiro semestre, de 3,2% ao final de 2019 para 4,4% em junho deste ano, com alta de 1,2 ponto porcentual. O litoral também chamou atenção com uma fatia de 3,8% ao final do primeiro semestre.
Com a pandemia, houve uma migração de vendas físicas para o mundo virtual que fica nítida no valor do gasto médio. No primeiro semestre deste ano, o tíquete médio do e-commerce no Estado de São Paulo aumentou 17,5%, quase o dobro do varejo tradicional, que cresceu 9,4% no mesmo período.
A maior parte dos bens duráveis, que são os itens de maior valor, foi comprada no começo da pandemia, diz a economista. A tendência para os próximos meses é de estabilização do valor gasto. Isso porque as pessoas estão com receio de como vão se comportar o emprego e a renda no futuro próximo.
Com informações do Estadão/Novarejo