Segundo estudo realizado pelo Itaú Unibanco sobre a recuperação da economia por setores de negócio, segmentos como de vestuário e de eletroeletrônicos estão hoje no meio do caminho entre o “céu e o inferno”. Eles experimentam uma retomada mais forte do que o esperado na ponta da demanda, o que pegou as empresas de surpresa. E o impacto esperado é um possível desabastecimento no curto e longo prazos, com aumento de preços.
“A gente tem visto entre os fabricantes de linha branca uma dificuldade em atender a demanda”, afirma a vice-presidente da área de vinílicos da petroquímica Braskem, Isabel Figueiredo. A empresa fornece, entre outros insumos, resinas e solventes que são usados na produção de geladeiras e fogões.
A própria Braskem enfrenta hoje o desafio de suprir os seus clientes, dado o volume de encomendas. “Depois de operar com 60% de nossa capacidade no início da crise, em agosto e em setembro batemos recorde de produção. Mas o número de pedidos continua crescendo”, diz Isabel.
Para o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da FGV, André Braz, o aumento na procura por itens de linha branca e eletrodomésticos já é sentido nos preços da categoria. “A gente ainda não sabe se isso é desvio padrão, o que representa esse aumento. Mas as pessoas estão comprando mais”, afirma.
Com dificuldades em atender os pedidos, grandes varejistas já falam reservadamente na falta de alguns itens nos estoques. Eles já se preocupam se conseguirão abastecer as gôndolas para a Black Friday. (
Fonte: Estadão Conteúdo
Foto: Vinícius Fonseca / Arquivo JCS (24/7/2020)