Hoje, 5 de outubro, é comemorado o Dia Nacional da Micro e Pequena Empresa. E mesmo em meio à crise gerada pela pandemia do coronavírus, os negócios desse segmento têm motivos para comemorar.
O número de abertura de pequenas empresas bateu recorde no primeiro semestre de 2021 e foi o maior desde 2015, segundo levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Nos seis primeiros meses deste ano, 2,1 milhões de negócios desse segmento foram abertos, 35% a mais do que o registrado no mesmo período de 2020.
É claro que o surgimento de muitas empresas se deu por conta do desemprego em alta no país. Muita gente está empreendendo por pura necessidade. Por isso, dizem os especialistas, é importante não glamourizar esse momento, mas abraçar as oportunidades que surgem.
Mas afinal, o que devem esperar os empreendedores destes segmentos? Veja 4 boas notícias do setor.
1- Tudo está em transformação. Aproveite!
A pandemia, apesar de toda a tragédia, é um catalisador de tendências previamente mapeadas, de acordo com Iza Dezon, pesquisadora de tendências e sócia-fundadora da consultoria DEZON.
“Muitos mercados estão em plena transformação, para não falar de revolução; então é momento de arriscar na criatividade e ousar estratégias inéditas para se destacar”, afirma.
Iza aponta 3 transformações vividas no último ano que são muito boas para as micro e pequenas empresas:
Concretização do ‘poly-work’: “O termo descreve profissionais que buscam ou estão abertos a diversos trabalhos e funções em duas ou mais empresas. Isso permite com que pequenos empresários tenham acesso a profissionais antes proibitivos para organizações de pequeno porte”, explica.
Home office: além de promover maior comodidade, confiança e flexibilidade, diminui custos fixos e aumenta o índice de bem-estar de colaboradores que estão livres para trabalhar de onde quiserem, longe do trânsito das grandes cidades, por exemplo.
Espírito mais colaborativo dos consumidores: a pandemia deixou muita gente mais disposta a investir nas pequenas iniciativas e empreendimentos locais, fortalecendo as redes de proximidade, com foco nos negócios nativos digitais.
2- Os pequenos negócios estão reagindo mais à crise do que os grandes
“Em grandes crises, as micro e pequenas empresas sempre são as primeiras a sentir o impacto, mas também são as primeiras a se recuperar e, geralmente, são as maiores responsáveis pela retomada dos empregos”, afirma Carlos Melles, presidente do Sebrae.
Levantamento do Sebrae mostra que, só em maio deste ano, micro e pequenas empresas geraram 182 mil novos postos de trabalho. O número é 2,5 vezes maior que o registrado pelos médios e grandes negócios, que criaram 70,9 mil vagas neste período. Nos últimos 12 meses, os pequenos negócios tiveram um saldo positivo de 2.094.812 novos empregos, o que significa 71,8% das vagas criadas no país.
“Apesar das micro e pequenas empresas ainda não terem recuperado todas as perdas causadas pela pandemia, os empresários estão recompondo suas expectativas para um novo ciclo de expansão”, afirma Melles.
O índice de confiança dessas empresas também está subindo, segundo Melles. Nos últimos quatro meses, a confiança desses empresários subiu 18,5 pontos na média geral e ficou 16,1 pontos acima de julho do ano passado.
3- É hora de ocupar espaços e resolver problemas
Infelizmente, muitos empresários faliram no último ano e isso foi devastador em vários setores. Mas há uma realidade: existem muitos espaços vagos para se ocupar. Para o empreendedor Facundo Guerra, é preciso olhar para as oportunidades, estudar muito e não glamourizar o empreendedorismo por necessidade.
Para ele, o grande segredo é procurar problemas para resolver na sociedade.
“O empreendedor tem que tirar o ego da frente e perguntar: ‘como posso gerar algum tipo de transformação para meu cliente? O propósito é gerar mudanças para as pessoas e resolver os problemas delas”, diz Facundo.
Facundo já esteve no comando de mais de 20 negócios de entretenimento em São Paulo e hoje dá aulas de empreendedorismo. Durante a pandemia, ele inovou e criou um novo projeto, o Altar, que disponibiliza casas flutuantes para hospedagem no interior de São Paulo.
“Temos que tirar esse empreendedorismo do campo da sobrevivência, onde se faz porque perdeu o emprego e não consegue se recolocar no mercado de trabalho. É preciso estudar, se interessar, pesquisar. Ser mais ativo do que reativo”, afirma.
4- Mais criatividade e digitalização
As empresas menores, sem acesso a crédito, menos digitalizadas e mais frágeis na negociação com fornecedores foram muito mais impactadas pela pandemia. Mas o lado positivo disso é que muitos pequenos negócios foram obrigados a se reinventar.
Eles tiveram que implementar ações como vendas on-line, aceitação de pagamentos digitais, interação pelas redes sociais e uso de novas soluções tecnológicas. Também foram obrigados a repensar a relação com o trabalho, a relação com clientes e fornecedores e, principalmente, a repensar ou reinventar seus negócios.
“Foi preciso buscar soluções criativas para sobreviver durante o período mais crítico da pandemia”, afirma Marcelo Nakagawa, professor de Empreendedorismo e Inovação do Insper.
De fato, pequenos negócios que aderiram às vendas on-line conseguiram reduzir queda no faturamento. Estudo do Sebrae e da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que 70% das pequenas empresas já vendem seus produtos e serviços pela internet e, por isso, estão conseguindo reduzir a queda no faturamento causada pela pandemia.
Fonte e crédito da foto: G1.com