Com uma trajetória de queda e migração para o comércio de vizinhança, a modernização do centro de Campo Grande foi fundamental para criar atrativos à clientela, aponta estudo do IPF/MS (Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Fecomércio MS), em parceria com a Prefeitura de Campo Grande, demandado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
“No período entre 2010 e 2017, o faturamento líquido do comércio do centro caiu 13%, e não foi a única região com queda. Porém, vale ressaltar que a região central é responsável por quase 50% de todo o faturamento do comércio de Campo Grande. Logo, apesar de parecer pequena, essa queda acabou ganhando maiores proporções sobre os resultados desse segmento”, observa a economista do IPF-MS, Daniela Dias.
Ainda de acordo com o estudo, houve migração e ampliação do comércio de vizinhança, principalmente nas microrregiões do Anhanduizinho e Bandeira. “A busca pelo desenvolvimento local, considerando o bem-estar e comportamento da população, tornou necessária uma modernização, de forma a tornar o espaço mais atrativo”, acrescenta a economista, lembrando que, neste contexto, a Rua 14 de Julho representa 50% do comércio do centro da Capital.
A revitalização de centros comerciais é um caminho também percorrido, com êxito, por várias cidades do Sul do País, como Matinhos (PR), Castro (PR), Florianópolis (SC), Ijuí (RS) e Paranaguá (PR).
A presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de Mato Grosso do Sul (IAB-MS), Adriana Tannus, afirma que a intervenção urbana na área central da cidade assume um papel simbólico e funcional muito presente dentro do processo de produção e gestão urbana. “Devemos focar na necessidade de contextualizar esse processo dentro de outro maior, que é o de ‘reestruturação urbana’. O centro tem um significado muito forte, histórico e econômico, pois representa o coração das atividades econômicas e comerciais da nossa Capital”, diz.
A importância da intervenção na área central de Campo Grande, lembra Adriana, vai além da requalificação da Rua 14 de Julho. “Faz parte do programa Reviva Campo Grande, que engloba uma área maior central, daí a importância da realização deste complexo para que se torne eficaz e resgate seu caráter de centralidade da nossa Capital”.
O Programa Reviva Centro deve cumprir as três tendências significativas de intervenção no espaço urbano, que passam pelo embelezamento, renovação e revitalização urbana. “E para que isto aconteça, um dos requisitos necessários é ter o uso misto, com moradias e novos usos comerciais, fatores importantes para que possa dar vida a área central durante o dia e a noite, utilizando toda esta infraestrutura aplicada na área central de forma plena pelos campo-grandenses”, conclui.
A coordenadora do Reviva Campo Grande, Catiana Sabadin, explica que o projeto de habitação no centro faz parte das novas ações, previstas para este ano. A proposta é levar habitação popular, priorizando quem trabalha no centro da cidade, com a construção de mais de 800 moradias.
“Com o centro modernizado, com segurança, rede de fibra óptica, iluminação em led, mobiliário e tantas outras vantagens que a requalificação da Rua 14 de Julho trouxe e que a revitalização do microcentro vai trazer, com certeza muita gente vai querer morar no centro, diminuindo o vazio urbano que hoje existe e proporcionando novos usos na região, antes tão degradada”, afirma.
Confira a pesquisa na íntegra: Pesquisa Reviva Campo Grande_Parte 2