O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aumentou em quase 20% o volume de dinheiro injetado em operações de financiamento em Mato Grosso do Sul entre os anos de 2019 e 2020. O valor total de desembolsos foi de R$ 1,587 bilhão no período.
Conforme a instituição financeira, o montante leva em consideração todos os portes de empresas. A título de comparação, em 2019 foram liberados R$ 1,327 bilhão para companhias sediadas no Estado.
A maior parte dos valores desembolsados foi destinada a micro, pequenas e médias empresas, além de pequenos produtores rurais, responsáveis por 65% dos repasses e totalizando R$ 1,055 bilhão, valor 32,4% maior que em 2019.
Em todos esses casos, as operações são intermediadas por agentes financeiros credenciados (bancos públicos e privados, agências de fomento, cooperativas de crédito e bancos de montadoras), responsáveis pela análise de risco e pela aprovação dos pedidos de empréstimos.
O valor liberado em Mato Grosso do Sul representou 2,4% do total de desembolsos do BNDES no País em 2020.
Com relação às variações dos financiamentos pelo BNDES em Mato Grosso do Sul, por outro lado, o setor que mais teve aumento na quantidade de verbas recebidas foi o de infraestrutura, com um aumento de 269,5% no volume de desembolsos. Comércio e serviços tiveram uma ampliação de 61,5%, e agropecuária de 9,1%.
Iniciativa privada – O banco é o responsável pelas análises financeiras e econômicas que devem levar à privatização da Companhia de Gás de Mato Grosso do Sul, a MSGás. No site da instituição financeira é possível observar que este é atualmente o único projeto no Estado com o crivo do BNDES.
Todos os estudos técnicos necessários para a transferência da empresa estatal para o setor particular já foram concluídos. Uma tabela aponta que o próximo passo é a realização de consultas públicas para viabilizar a iniciativa. O edital e o leilão, pelo calendário, estão previstos para o fim de 2021, e a assinatura do contrato até março de 2022.
Retomada – O doutor em Economia Mateus Abrita explica ao Correio do Estado que investimentos são extremamente importantes, principalmente em momentos de crise como o atual.
Porém, embora os empréstimos ao setor privado sejam fundamentais, a destinação de verbas para viabilizar projetos públicos de infraestrutura é essencial para a recuperação econômica do Estado.
“Normalmente, a literatura aponta que o setor privado tende a se retrair diante de situações de recessão, porque há queda na demanda e isso gera muitas incertezas, fazendo com que ele se retraia. Enquanto isso, os investimentos que partem do setor público ajudam a segurar, gerando emprego e renda”, disse à equipe de reportagem.
Abrita cita como exemplo as iniciativas do governo norte-americano, que lançou um pacote trilionário para reaquecer a economia, especialmente com investimentos em infraestrutura.
“É fundamental que o Brasil também consiga levantar investimentos desse tipo”, concluiu Abrita.
Retorno – Segundo o BNDES, o banco apresentou lucro líquido de R$ 20,7 bilhões, ao mesmo tempo em que, pela primeira vez na sua história, desembolsou mais recursos para pequenas e médias empresas do que para as grandes, com 52% dos recursos destinados a empresas menores (dados nacionais).
O lucro líquido de R$ 20,7 bilhões – 17% acima do registrado em 2019 – foi impactado pela oferta pública de ações da Petrobras, realizada em fevereiro, pela venda de ações da Vale e da Suzano e pelas receitas com dividendos das empresas investidas.
Fonte: Correio do Estado