Opinião: O futuro do varejo ou o varejo do futuro?

Opinião: O futuro do varejo ou o varejo do futuro?

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RONALDO IABRUDI
DIRETOR-PRESIDENTE DO GRUPO PÃO DE AÇÚCAR

Imaginar o futuro sempre foi um exercício difícil e, nos últimos anos, os avanços tecnológicos têm tornado mais desafiadora esta tarefa. Qual brasileiro poderia arriscar, em 1997, com a internet ainda discada e lenta, que hoje o país estaria praticamente todo conectado por meio da telefonia móvel?

Se olharmos a fundo, a maneira como fazíamos compras na última década e hoje não mudou muito. Mas é certo que nos próximos dez anos, o varejo será completamente diferente do que o que temos hoje.

A velocidade desta evolução, o crescimento do “ecommerce” e um suposto declínio do varejo físico geraram o chamado “apocalipse varejista”. É evidente que as vendas pela internet devem continuar crescendo nos próximos anos, mas um olhar mais atento sobre as perspectivas para o setor deve levar em consideração a estratégia “omnicanal”, o uso do CRM e a fidelização.

A customização do atendimento ao cliente e a oferta de produtos personalizados, que ganharam ainda mais força com o avanço da tecnologia, seguirão demandando nossa atenção. O desafio, aqui, é entender e utilizar de maneira inteligente os milhões de dados que os consumidores nos dão em suas rotinas de compra.

A inteligência artificial e a internet das coisas promoverão avanços transformacionais no modo de consumo: teremos novos meios de entrega, com os drones; os consumidores poderão escolher e colher verduras e legumes diretamente de hortas plantadas dentro das lojas, por que não?

O celular indicará o produto que o cliente quer e a melhor opção de preço no próprio estabelecimento. Enfim, uma transformação fundamental na relação de consumo. O grande ponto é entender que a missão do varejo vai mudar substancialmente: sairemos do papel primário de distribuição, para nos tornamos um “hub” de inteligência e soluções de consumo.

O varejo deverá se antecipar às necessidades dos consumidores, oferecendo experiências e produtos com o menor atrito possível.

Sem dúvida, passaremos por uma transformação, e a chave da sobrevivência será encarar a tecnologia como aliada e não como ameaça. O desafio é continuar ajustando a estrutura atual evoluindo de maneira planejada e rentável para o futuro que já está batendo à nossa porta.

Fonte: Folha de São Paulo