O varejo é um dos principais espelhos para se entender as profundas mudanças sociais, demográficas e econômicas que o mundo vem passando. Dos metaversos às lojas físicas e à reorganização das cadeias de suprimentos globais, o ritmo da disrupção vivida pelo setor não deve arrefecer nos próximos doze meses, segundo especialistas presentes na principal feira do varejo global, a NRF Retail’s Big Show.
“Não há nada de mecânico no varejo. Sim, abrimos as portas todos os dias e recebemos os clientes, [mas] eles nunca são os mesmos. A mercadoria também está sempre mudando, assim como nossa estratégia de negócios”, diz Susan Reda, vice-presidente de educação estratégica da National Retail Federation. “Se você ficou confortável e achou que sabia o que era varejo, 2022 deve ter mexido com você.”
O evento, que acontece desde 1911, foi realizado em Nova York e reuniu mais de 35 mil pessoas. Pelos corredores, sinalizações em português reforçavam a impressão de que muitos dos visitantes estrangeiros na feira falavam o idioma. De acordo com a organização da NRF, cerca de três mil participantes neste ano eram brasileiros, formando a maior delegação internacional. A Forbes Brasil participou da NRF 2023 e compilou os principais destaques dos três dias do evento, bem como as perspectivas dos varejistas globais para os próximos 12 meses.
Vendas inteligentes – Drones para a última milha de entregas, vendas automatizadas via inteligência artificial e pagamentos por aproximação pela leitura da palma da mão foram apenas algumas das tecnologias apresentadas na feira focadas em aprimorar a experiência dos clientes na hora das compras.
Uma das soluções levadas pela empresa de tecnologia Qualcomm oferece uma versão inteligente do tradicional carrinho do supermercado. Através de algoritmos, itens colocados no carrinho são identificados automaticamente, enquanto promoções e descontos em produtos relacionados são apresentadas no display. Pelo carrinho, é possível também pagar pelos produtos.
oluções para gerenciamento de estoques permitem aos varejistas identificarem itens coletados das prateleiras e opções de pagamentos via leitura das palmas das mãos foram alguns dos destaques apresentados por startups e bancos no evento, além de otimização e personalização de anúncios via inteligência artificial.
Gen Alpha– Enquanto se adaptam às mudanças trazidas pelo comportamento da Geração Z, nascida entre 1995 e 2010, os varejistas já olham para as tendências de consumo que devem pautar a Geração Alpha, formada pelos nascidos depois de 2010.
“A maioria das pessoas na Geração Alpha são os filhos dos millenials, que são os primeiros nativos digitais. Seus sucessores, da Geração Z, cresceram enquanto as redes sociais estavam se enraizando na sociedade e hoje eles usam as redes para se expressar. Para a Geração A, redes sociais são um estilo de vida. É onde eles aprendem as últimas tendências em tudo, desde saúde até moda e alimentação. É também pelas redes que eles abraçam a ideia de que os jovens têm mais poder do que qualquer geração anterior,” explica Susan.
Para os varejistas, afirma a especialista, isso se traduz em novas formas de interagir com seus clientes. As próximas gerações esperam ter relacionamentos com as marcas que consomem e terão uma maior consciência do impacto do seu consumo no mundo. Susan avalia que “esta geração, que já é mais diversa do que qualquer outra anterior, espera que a inclusão e a igualdade sejam a norma e as experiências sejam culturalmente diversas.”
Resale em alta– Mais consumidores estão interessados em comprar produtos e peças usadas na busca de economia, qualidade, redução do impacto ambiental do seu consumo ou até mesmo fazer a primeira compra de um produto de luxo. Independente do motivo, a revenda de itens de segunda mão é uma tendência entre consumidores de diferentes idades e perfis sociais.
Varejistas estão apostando em diferentes modelos de negócios para participar deste mercado, seja implementando itens usados como parte dos seus portfólios online e lojas, via marketplaces como a Amazon, ou com o apoio de plataformas especializadas em revenda.
No mercado de luxo, grandes varejistas têm apostado na ponte entre grifes, consumidores que desejam revender suas peças e aqueles que buscam produtos de luxo por um preço mais acessível. Tradicionais varejistas de luxo, como Saks 5th e Neiman Marcus, têm apostado na tendência para ampliar a base de clientes, otimizar estoques e atrair consumidores para produtos novos.
Fonte e foto: Forbes